Brasil no radar internacional: criativos vivem mudança na produção de conteúdo global
O que se espera encontrar no segundo ano da trilha de Creator Economy
Brasil no radar internacional: criativos vivem mudança na produção de conteúdo global
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9 de junho de 2025 - 16h43
Na véspera de mais uma edição do Cannes Lions, a presença brasileira no evento segue forte, não apenas como recebedora do primeiro prêmio de ‘País Criativo do Ano’, mas também no olhar da indústria para os nossos profissionais. Além de sermos um dos quatro países historicamente mais premiados do festival, os olhares para a criatividade brasileira estão em bem mais lugares do que apenas grandes marcas nos palcos.
Nos últimos cinco anos, com o desenvolvimento de novos canais de conexão e aquisição de audiência, vimos milhares de startups crescerem mundo afora contratando equipes remotas – o que é conhecido como hiring overseas. É um movimento ganha-ganha para empresas contratarem talentos de ponta rodando operações de forma acessível, e profissionais prestadores de serviço terem experiências internacionais com remunerações extremamente competitivas. O brasileiro vem sendo cada vez mais procurado por essas marcas – tanto pelo talento criativo, quanto pela relação de desvantagem com as moedas fortes do exterior (no bom português: o gringo quer pagar barato e todo mundo aqui tá querendo ganhar em dólar).
Segundo um relatório da Deel, empresa global de tecnologia de RH e folha de pagamento para times remotos, a contratação de brasileiros por empresas internacionais aumentou 53% em 2024. Com isso, o Brasil passou a ocupar a quinta posição global entre os países com maior número de profissionais contratados por companhias estrangeiras.
E embora o movimento tenha iniciado pelo setor de tecnologia, o marketing digital rapidamente seguiu o mesmo caminho. Dentro desse contexto, nossa presença no Cannes Lions 2025 vem principalmente do compromisso de entender cada vez mais os movimentos e necessidades do mercado publicitário internacional, para plugar como nós brasileiros podemos atendê-los. Além da produção de conteúdo real time em parceria com nossos clientes, todo esse conhecimento está sendo compilado em: treinamentos in-company, mentorias e cursos em parcerias com grandes universidades como a ESPM – para encurtar os caminhos das empresas brasileiras e profissionais que querem implementar os métodos usados na gringa, ou até mesmo internacionalizar suas carreiras no marketing.
E o que torna o Brasil tão atrativo ao olhar do mercado global? Nove a cada dez publicitários vão concordar sobre a nossa capacidade criativa diante de recursos limitados. Mas o que tem estado em pauta é nossa natividade digital e como temos comunidades engajadas em nossas mídias. O hype do Brasil é real: o mundo tem consumido nossa estética, nossa música e até nossa moda. Será que não é a oportunidade perfeita para conhecer nossa criatividade estratégica? O que ainda afasta a gente desse lugar?
Além de qualquer objetivo comercial, embarco no evento na trilha que pela segunda vez é dedicada à Creator Economy – com um compromisso como educador que pesquisa e ensina sobre o ecossistema, provocando como a gente ainda vai ver muito essa roda de influenciadores, creators, marcas e plataformas girar conforme as tecnologias avançam. E como isso pode ser cada vez mais um impulsionador do Brasil no mapa mundial publicitário.
Porque não só nossas ideias são boas, mas nossos creators também são extremamente talentosos. Apesar de sim, ainda termos muito que aprender sobre performance e negócios com a gringa… as tecnologias de blockchain e IA já são realidade na descentralização a internet e potencialização da criatividade.
Na medida que as barreiras de se conectar com empresas e creators do mundo inteiro vão diminuindo, tem muita oportunidade em moeda forte na mesa pra todo mundo. Por isso, ainda que o festival continue puxando sardinha para os publicitários, espero ver uma evolução dessa trilha – onde o creator não seja apenas um convidado especial como parte do ecossistema, ou mais um canal de distribuição da mensagem publicitária, mas sim peça estratégica no centro das decisões de negócio, pensados como players que se encaixam como profissionais em plataformas, mídia e produto.
A mudança da antiga categoria Social & Influencer Lions, agora batizada de Social & Creator Lions, junto à criação de cinco novas subcategorias, reforça a busca pelo espaço para os trabalhos de criadores sendo produzidos com marcas.
A globalização e maturidade de pensar Creative as a Service, tem popularizado o serviço de Creative Strategy no mercado de e-commerces DTC, que é uma cadeira que tem sido ocupada por copywriters, growth marketers, e mais recentemente, creators. É o mais próximo que eu tenho visto dessa galera começar a sentar na mesa de decisão, participar das bonificações de vendas e quem sabe até levar um leão?
Ou será aue temos destinos ainda mais brilhantes para creators brasileiros? Outra temática que deve ganhar ainda mais força este ano é a inteligência artificial. Após a presença forte nas conversas em 2024, espero ver painéis que discutem sobre como novas tecnologias quebrarão a barreira do idioma, e como isso vai impulsionar creators regionais a disputarem atenção com creators mundiais – ou até expandir sua demografia de conteúdo.
Participar do Cannes Lions 2025, nesse contexto, é mais do que acompanhar tendências, é ocupar os espaços nos quais criatividade, tecnologia e cultura de marca são debatidas e moldadas em escala global, e mostrar, com consistência, a potência do talento criativo brasileiro.
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