Como conectar eventos e comunicações de marca?
As pessoas querem cada vez menos verdades absolutas e mais opiniões de especialistas
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19 de junho de 2025 - 17h59
É o segundo ano da trilha de Creator Economy em Cannes e o primeiro ano em que um país é homenageado como o país mais criativo do festival.
E em um movimento muito bem calculado após o Oscar da Fernanda Torres e uma necessidade de reposicionamento da marca Cannes, é claro que tinha que ser o Brasil.
Mas para quem tem o costume de acompanhar eventos pelos canais digitais, já começou a sentir um afastamento de interesse dos canais generalistas que falam de prêmios e do festival como um todo, e o aumento de interesse por pautas específicas.
Se você acompanhou o balanço da audiência das Olimpíadas em 2024, viu que a Globo teve 140,4 milhões de pessoas impactadas, acompanhando, de alguma forma, as transmissões e conteúdo das competições esportivas pela TV Globo, canais Sportv, Globoplay e GE. Enquanto a Cazé TV atingiu a marca de 42 milhões de espectadores e realizou a maior live da história dos esportes olímpicos.
Por que será que um criador de conteúdo começa a construir relevância ao ponto de ocupar o espaço da maior emissora do país?
Cada vez mais business creators que constroem audiências, principalmente nichadas, se conectam além de pelo seu conteúdo, também pela sua capacidade de colocar os assuntos que dominam em pauta. É aquela história de estar no lugar de criador, mas também de influenciador em alguma área de conhecimento.
Para gente ficar na mesma página, o business creator é aquele criador de conteúdo que se enxerga como negócio, logo, suas publicações e comunicações – apesar de estar gerindo uma comunidade – tem uma intenção de vendas e de promover os seus produtos e serviços, mesmo que indiretamente.
Em um cenário que marcas cada vez mais estão buscando criar eventos próprios para se conectarem com as suas comunidades offline e compartilhar no online o desejo de pertencer, oportunidade de transformar conteúdo em negócio não falta.
A cobertura real-time – tanto de eventos próprios, como eventos em que marcas são patrocinadoras – já é um serviço extremamente consumido por empresas que precisam trazer o dinamismo e a forma de se comunicar com esse viés creator, principalmente depois da popularização da profissão de vídeo maker mobile.
A conexão com a audiência com respostas interativas e captações dinâmicas traz o melhor da comunicação dos criadores, principalmente quando a marca abre mão do controle da narrativa.
E quando falamos de eventos que possuem capilaridade internacional para o nosso segmento, como o SXSW e Cannes Lions, as empresas e a própria mídia utilizam essa oportunidade para gerar visibilidade, engajamento e mais conteúdo em tempo real.
Outra conversa importante é sobre a curadoria. Em um evento como Cannes Lions, com mais de 150 horas de conteúdo, é impossível absorver tudo, logo, as pessoas buscam seus pequenos espaços na internet que vão comentar e gerar conexões com os desdobramentos de assuntos que mais elas querem se informar.
E para empresas que nascem da creator economy, que são construídas através de conteúdo e na educação do mercado, essa se torna mais uma oportunidade de monetizar o conhecimento, abrindo espaços publicitários para anunciantes em seus feed, stories, newsletter, blog, site – além de transformar todo o conhecimento em relatórios para download, eventos presenciais ou online para clientes, e até mesmo novos produtos com insights trazidos do evento.
A YouPix faz isso há bastante tempo. Além de levar o conteúdo e fazer o download depois para conhecimento, virou uma forma diferente de fonte de receita. Esse ano estamos vindo pela MField que é uma agência do nosso ecossistema e a nossa newsletter sai assinada com eles.
Em alguns veículos mais massivos, o mesmo jornalista que fala sobre eventos catastróficos fala sobre eventos como esse. Não existe um tom. Nós temos uma linguagem que colocamos ali de bastidores e a nossa conexão profunda com o tema da creator economy (Rafa Lotto, CEO da YouPix)
Esse é um movimento de business creators que ao mesmo tempo que fazem coberturas de eventos, representam suas empresas, vai ser muito natural, mas ele é muito novo e o mercado está aprendendo ainda como fazer isso.
Quando eu estou aqui, tenho dois objetivos: de um lado eu preciso alimentar uma comunidade de profissionais de branding que querem aprender mais com os principais insights, e por outro, estou posicionando minha consultoria como uma marca relevante que também está aqui presente, fazendo negócios e aprendendo como aplicar inovação pros clientes.
A participação nesse tipo de evento abastece meu repertório criativo e cultural para trazer e transformar isso em aula. E isso também vai se transformar em um evento fechado para clientes e um download de material que pode virar conteúdo. (Galileu Nogueira, CEO da Galileu Branding)
Além da cobertura de eventos, cada vez mais business creators se tornam porta-vozes de marcas para quando é necessário comunicar nvoos produtos, eventos e lançamentos.
Faz parte da estratégia de comunicação mapear o seu ecossistema de influência e entender quais são os players que podem ajudar a ampliar a sua mensagem, na linguagem que se conecta com aquela comunidade, para que nem sempre essa conversa seja iniciada do zero toda vez que tiver um novo evento ou lançamento de produto.
Paulo Aguiar é um exemplo de creator que representa diversas marcas – apenas esse ano ele já esteve presente em ventos como CES Las Vegas com Samsung e Nvidia, China com BYD. Telaviv e Miami com Meta e no SXSWAustin e Londres, também pelo Meio & Mensagem – junto da Victoria A, que faz a captação mobile através da sua empresa Creator 360.
Para o creator é importante estar nos eventos para socializar e criar uma experiência. E a marca também quer estar lá. Qual creator eu quero mandar para lá para me representar e estruturar meu ponto de vista?
Ao comparar a forma que o mercado internacional atua, reparamos cada vez mais que o Brasil lidera na dinâmica da relação entre creators e marcas, mas ainda é uma discussão que não toca profundamente o modelos de negócios do creator como empresário.
E isso é algo que ainda podemos aprender e importar para nosso país nesses eventos. Mas em Cannes Lions, a conversa do creator ainda acaba ficando nesse mesmo lugar da monetização via publicidade, e quanto a isso, nossos creators, marcas, plataformas e agências estão muito à frente.
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