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Ideias ousadas só nascem de times apaixonados por transformação

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Cannes Lions

16 a 20 de junho de 2025 | Cannes França
Diário de Cannes

Ideias ousadas só nascem de times apaixonados por transformação

Mais do que técnica ou originalidade, a verdadeira ousadia criativa nasce da combinação entre propósito, emoção e conexões reais com a vida das pessoas


19 de junho de 2025 - 10h37

Cannes tem a potência de nos lembrar por que escolhemos estar na indústria criativa.

A cada painel, filme ou conversa no corredor, é inevitável percebermos que somos provocados a revisitar nossas crenças, desafiar padrões e observar o que realmente permanece depois que a ideia vira um case de sucesso.

Como não se inspirar diante da excelência técnica, dos roteiros impactantes e da capacidade de síntese de tantos trabalhos ao redor do mundo?

Mas, para além do brilho da execução, é preciso fazer uma pausa e perguntar: de onde vem a verdadeira ousadia criativa? O que sustenta uma ideia que atravessa fronteiras, toca pessoas e permanece viva muito além do escopo de mídia?

As marcas e cases que mais me chamaram atenção são justamente aquelas em que se percebe uma história consistente.

Não apenas uma grande execução pontual, mas um pensamento de longo prazo, onde cada decisão faz parte de uma trajetória clara de construção de marca.

Cases isolados e desconectados, por mais brilhantes que sejam no papel, dificilmente sustentam relevância com o tempo.

Outro ponto que me provoca são projetos que parecem criados apenas para a premiação, mas que não vejo sendo implementados, valorizados ou sustentados no mercado.

Isso vai diretamente contra aquilo em que acreditamos: uma comunicação feita a serviço do negócio, do impacto cultural e da construção genuína da marca.

Criar para Cannes não pode ser um fim; deve ser uma consequência natural de marcas que realmente se propõem a transformar.

Para mim, a resposta está nos bastidores e na força invisível de uma marca que não apenas trabalha para cumprir metas, mas que acredita em uma convicção profunda de que suas ideias podem transformar realidades.

Não basta ser criativo, é preciso ser apaixonado por escutar, entender e mover o mundo adiante.

No Grupo Boticário, temos visto como essa paixão é o que sustenta as ideias mais desafiadoras. Não criamos campanhas para ganhar prêmios, eles são consequência.

Criamos para impactar cada público de maneira única, e é esse compromisso que orienta o nosso processo criativo, desde a primeira conversa até o impacto gerado lá na ponta.

Quando vejo um projeto como “Respeita Meu Capelo”, de Vult, sendo reconhecido na shortlist em uma das categorias mais simbólicas de Cannes, a Glass, me emociono não apenas pelo destaque, mas por tudo o que ele carrega.

Não se trata de “dar visibilidade” a um grupo: trata-se de ouvir uma dor legítima, acolher uma demanda que sempre existiu, mas raramente foi olhada com seriedade. É sobre garantir que a conquista acadêmica seja, de fato, para todos; inclusive nos detalhes.

O mesmo vale para Special Dates, com os filmes de Dia das Mães e Dia dos Pais. Falar sobre adolescência e maternidade, ou sobre tentantes que lidam com o vazio no mês de maio, não é confortável. Mas é necessário. E isso exige coragem.

Não para ser disruptivo por estética, mas para ser sensível e verdadeiro. Porque marcas que desejam construir relações consistentes com as pessoas precisam estar presentes também nas conversas difíceis.

E é com essa mesma intenção de ir além, que me orgulho em ver o Grupo Boticário no shortlist da categoria Sustainable Cities and Communities com a campanha “Pesquise o meu Corpo” — uma iniciativa potente que escolhemos lançar no Dia Internacional da Mulher deste ano, justamente para dar visibilidade a um tema urgente e necessário.

A campanha deu vida ao lançamento do Centro de Pesquisa da Mulher, um movimento inédito que carrega o propósito de nos posicionar como referência global em conhecimento sobre o corpo feminino.

Esse reconhecimento, em Cannes e fora dele, só é possível porque existe uma cultura forte por trás. Uma cultura que valoriza a escuta como ferramenta de criação, o cuidado como estratégia de conexão, e o propósito como critério de escolha.

Uma cultura que entende que impacto e performance não são opostos, mas sim consequências naturais de quem trabalha com intencionalidade e propósito.

Cannes é, sim, um espaço de celebração. Mas o que comemoramos aqui vai muito além dos cases finalistas.

Que este festival nos inspire não apenas a buscar a próxima grande ideia, mas a cuidar melhor daquilo que sustenta todas as grandes ideias: o vínculo entre propósito, paixão e transformação.

É por isso que, mesmo diante de tantos cases grandiosos, destaco aqui uma frase que me chamou muito a atenção durante o festival: “Big is a collection of smalls.”

Porque, no fim, toda grande ideia é feita de pequenos gestos, decisões conscientes, escutas atentas e conexões genuínas. É na soma desses detalhes que a ousadia ganha forma, que o impacto se sustenta e que o propósito se traduz em ações reais.

Que sigamos acreditando no poder transformador das pequenas escolhas — porque são elas que constroem o extraordinário.

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