Mentir faz mal pra saúde
Se há algo que dá propulsão às fake news em saúde é a falta de confiança em todos os agentes – no governo, na imprensa tradicional, na indústria farmacêutica
Se há algo que dá propulsão às fake news em saúde é a falta de confiança em todos os agentes – no governo, na imprensa tradicional, na indústria farmacêutica
21 de junho de 2019 - 9h43
Um assunto bem interessante que surgiu por aqui e anda bem abaixo do radar é o impacto destrutivo que as fake news sobre saúde andam causando por aí. Nesse novo mundo social e efêmero, já sabemos o quanto elas podem influenciar na política, mas qual o desafio quando falamos de vidas de pessoas?
Provavelmente todo mundo aqui já deu um google sobre questões tão básicas como “Como curar ressaca” ou complexas como “melhor tratamento pra câncer”. Os resultados são tão volumosos quanto suspeitos.
Uma médica resumiu o problema: “Nunca vou conseguir atender tanto às expectativas quanto o Dr. Google”. Existe um bordão que diz: se não gostou do que o médico te disse, procure um outro. Já o Dr. Google sempre vai sempre dizer o que você quer ouvir.
Misticismo, charlatanismo e ignorância não são, obviamente, assuntos novos. Descobri por aqui que existe até um termo específico, “snake oil”, que faz referência a crendices e teorias estapafúrdias de tratamento. Crenças errôneas sobre vacinação vêm desde o século XVIII – e ora veja! Retornaram com toda a força em 2019, trazendo de volta doenças antes erradicadas, como o sarampo no Brasil.
Mas como combater esse problema tão sério?
Fatos não bastam. Estudos demonstram que as pessoas estão mais suscetíveis àquilo que é mais conveniente ou otimista – então a avalanche de dados não vai convencer ninguém.
Atacar os mitos também não resolve. Outros estudos mostram que quanto mais você ataca a convicção das pessoas, mais elas se tornam intransigentes. Elas tendem a se defender, mesmo que sem razão.
A única saída é confiança. Se há algo que dá propulsão às fake news em saúde é a falta de confiança em todos os agentes – no governo, na imprensa tradicional, na indústria farmacêutica. Então a solução não virá magicamente de uma campanha, mas sim de marcas que se proponham a enfrentar esse problema com a seriedade e coragem necessárias.
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