Sobre informação e empatia
Dados são apenas o ponto de partida; é o olhar humano que faz com que a relação se estreite a ponto de transformar consumidores em embaixadores e o produto em uma causa
Dados são apenas o ponto de partida; é o olhar humano que faz com que a relação se estreite a ponto de transformar consumidores em embaixadores e o produto em uma causa
19 de junho de 2019 - 18h10
Meu primeiro dia de festival foi bem intenso. Decidi aproveitar a manhã para ver as palestras antes que as filas ficassem quilométricas. E, à tarde, fiz a ronda pelos trabalhos que já estavam expostos. Vou contar um pouco da palestra e de um trabalho que chamaram minha atenção.
A palestra de que gostei se chamava “The Future is Female – Women & the Direct to Consumer Economy”. Um painel oferecido pelo Hulu com a presença da atriz, ativista e produtora americana Kerry Washington, além de Deirdre Findlay, CMO da empresa de customização de roupas Stich Fix.
Apesar do tema ser amplo, elas abordaram aspectos bem específicos sobre a relação do conteúdo que produzem, seja audiovisual ou um item físico, com o conhecimento profundo do que precisam ter das suas audiências.
As duas foram unânimes em dizer que os dados são apenas o ponto de partida. Não basta ter informação se não há empatia. O olhar humano faz com que a relação se estreite a tal ponto de transformar consumidores em embaixadores, e do produto em uma causa. Depois de pautar seus novos lançamentos não em pesquisas de tendências, mas em pedidos ouvidos diretamente do público, a marca Stich Fix fez seu consumidor entender que quanto mais compartilhava suas particularidades, mais os produtos foram se adequando aos seus gostos e necessidades.
No caso da nova série protagonizada por Kerry Washington, diferentemente de outros projetos, onde teve que bater na porta das plataformas para ver qual comprava sua ideia, dessa vez foram a Amazon, a Netflix e o Hulu que foram atrás do conteúdo que ela idealizou. A escolha pelo Hulu se deu justamente porque a plataforma já tinha tanta informação sobre a sua audiência, inclusive das suas vontades e valores, que foi fácil provar que a afinidade era tão grande entre o projeto e a audiência, que o sucesso seria praticamente certo.
Sobre os trabalhos, selecionei um que achei muito inusitado. Você certamente já viu propaganda de uma marca falando mal de seus concorrentes, certo? Mas, por acaso, já viu uma campanha para uma marca que, literalmente, vende também seus concorrentes? Pois é, foi isso que alguns veículos de informação americanos fizeram. Como seu propósito é vender a importância de se estar bem informado, cada peça da campanha assina com uma das marcas, mas sugere também o consumo do conteúdo dos concorrentes. Afinal, uma sociedade bem informada é melhor não só para cada uma dessas marcas, mas também para todo mundo. Golaço.
Por hoje é só. Em breve volto com outros destaques.
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