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17 a 21 de junho de 2024 | Cannes - França
Diário de Cannes

O tempo, o Matisse e a Halle Berry


13 de junho de 2017 - 17h04

Aos 19 anos de idade, estudante de Direito em Paris, Henri Matisse dividia seu tempo entre o trabalho vespertino de escriturário em uma firma de advocacia e, pela manhã, as aulas em uma escola de desenho. Foi quando uma crise de apendicite o deixou um longo tempo preso à cama e assim, afastado do trabalho burocrático, começou a se dedicar com mais afinco à pintura. Matisse costumava dizer que o cotidiano o aborrecia ao passo que, ao pintar, ele passava a sentir-se livre e tranquilo.

Mas foi na luminosa cidade de Nice, com suas construções brancas e o mar azul do Mediterrâneo ao fundo, que Henri Matisse encontrou seu principal refúgio. Foi lá que o artista encontrou tempo para construir sua obra prima, na sua última fase, a mais interessante da sua vida.

Talvez seja esta a liberdade que encontramos no Festival de Cannes. Uma única semana no festival é o bastante para acelerar o nosso lado criativo e, ao mesmo tempo, nos fazer distanciar do dia-a-dia. Afinal, o cotidiano nos aborrece, ao passo que, em Cannes, passamos a nos sentir, de certa forma, mais livres. E aqueles de nós que fogem do festival nos últimos dias do festival e vão para Saint Tropez, mais tranquilos.

Essa semana, que acontece no mês julhos de cada ano, significa algo que vai além do tempo. Tempo, é a unidade mais importante para os criativos. É preciso tempo para se chegar a grandes campanhas. Muitas vezes, o tempo é relativo, e, essa grande campanha simplesmente não acontece. O tempo voa. E tem voado cada vez mais rápido, nos fazendo esquecer como é importante parar e observar, com calma, o que está acontecendo ao nosso redor.

Tempo também é dinheiro em Cannes: ganha-se tempo ao pagar uma cerveja para alguém no Martinez. Se perde tempo ao pagar uma cerveja para alguém no Martinez. Cuidado para não perder muito tempo por lá.

Com o passar do tempo, fica cada vez mais evidente que o festival está atento a grandes movimentos. Abraçando a diversidade não só nas palestras, mas também nas salas de jure. Talvez um pouco atrasado, mais ainda em tempo. Tenho certeza que isso fará um bem enorme aos prêmios que serão entregues neste ano.

O festival só começa na segunda-feira, dia 18 de junho. Ainda há tempo, para quem for curioso, de ir ver um dos maiores festivais de propaganda e inovação do mundo.

E a Halle Berry? Ah, é uma palestra que eu quero ter tempo para ver.

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